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Artigos

12/09/2011

PASSAGENS DA CARTOGRAFIA MILITAR PELO MUNDO

O Brasil, País-Continente, quinto maior país do mundo em extensão territorial, que no passado tinha litígios fronteiriços com a vizinha Argentina, fez com que na época o Major Alfredo Vidal, depois, General e primeiro Diretor do Serviço Geográfico Militar mantivesse contatos com a Europa, que desenvolvia progressos em Fotogrametria, pois a nação precisava de soluções técnicas em cartografia para dirimir quaisquer dúvidas de seus limites no Sul, possibilitando a vinda em14 de outubro de 1920 da Missão Austríaca, já narrada nos papers de as MIRAs 106, 132 e no CD Rom do XXCBC/SBC-PUC-RS em Porto Alegre – A missão cartográfica imperial militar austríaca no Exército Brasileiro – Um relato histórico da fotogrametria. O Brasil não possui problemas fronteiriços com seus Países Vizinhos na América do Sul, tendo sido um dos signatários do recente acordo de fronteiras celebrado entre o Equador e o Peru.

A partir de 1971 vários Engenheiros Cartógrafos Brasileiros estiveram estudando na Escola Cartográfica do Serviço Geográfico Interamericano, na Base Norte-Americana, situada em Forte Clayton, na Zona do Canal do Panamá, no Panamá, recentemente desativada. O Engenheiro Cartógrafo Joil Rafael Portella foi eleito o representante de turma dos brasileiros e lá fez o Curso de Fotogrametria Básica, os Engenheiros Cartógrafos Josias da Silva Ribamar e Lidoan também do IBGE fizeram o Curso de Fotogrametria Avançada.

Na época o primeiro colocado no Curso foi o Engenheiro Militar da Aeronáutica Getúlio, empregava-se então o aparelho do sistema anaglifo. Anos depois, os Engenheiros Cartógrafos do IBGE, Duque Novaes e Mário de Oliveira fizeram em Forte Clayton, o primeiro Curso de Sensoriamento Remoto. Os Oficiais, Sargentos e Técnicos Civis do ICA também fizeram vários cursos no Panamá, bem como os Oficiais da DSG. Estudaram em Fort Clayton pela Aeronáutica – Cel Eng. Cart.Alison Vieira de Vasconcelos e Ten Cel Eng. Cart. Nei Erling e nos EUA para o Mestrado o Ten Cel Eng. Cart. Fernando Rodrigues Carvalho.

A Diretoria do Serviço Geográfico do Exército-DSG, no período de 15 de março a 15 de dezembro de 1981, ofereceu um estágio para dois Oficiais Bolivianos, a pedido do Comando do Exército da Bolívia. Foram incluídos neste estágio: prática de aerotriangulação e ortofoto, restituição, gravação, visitas de campo e a órgãos congêneres. Esta visita foi resultado dos entendimentos realizados , quando da Reunião dos Institutos Geográficos da América do Sul, ocorrida em Buenos Aires, na Argentina. O Instituto Militar de Engenharia recebe sempre alunos do exterior, a Autora, por exemplo, ao ministrar aulas por lá teve como um de seus alunos um oficial da Fuerza Aérea Boliviana, Victor Ledezma. O Comandante Ojeda da DHN/Venezuela, foi aluno do Curso de Mestrado da Cartografia, mais tarde voltaria ao Brasil para cursar a ESG.

Os Cartógrafos Militares Portugueses sempre estiveram na vanguarda do processo da Cartografia. Do Estudo das Cartas Históricas da Mapoteca do Serviço Geográfico - A Cartografia Luso-Brasileira, do Major Sebastião da Silva Furtado, datado de 1959, transcreve-se:

“Sugestionado pelos resultados da triangulação de Londres a Doyer, que presenciara, na qual se empregavam os métodos da Carta da França, de Cassini, o Ministro da Guerra Luís de Sousa Coutinho, Tenente General dos Reais Exércitos e ex-Governador e Capitão General da Capitania de Mato Grosso e Visconde de Balsemão, encarregou o Dr. Francisco Antônio Ciera da execução da Triangulação Geral do Reino. Este auxiliado por Carlos Frederico de Caula e Pedro Folque, a iniciou em 1770, tendo os trabalhos se prolongado até 1803, quando foram interrompidos. Depois de retomados terminaram em 1863”.

Em 1891 concluíram a Carta do Reino ou Carta Corográfica de Portugal na escala de 1:100.000. Em 1911 foi criada a Secção Cartográfica do Estado Maior do Exército e por Decreto Regulamentar de 24 de novembro de 1932, surgiram os Serviços Cartográficos do Exército – SCE. Em 1º de julho de 1993 esta unidade do Exército passou a chamar-se Instituto Geográfico do Exército.

O Instituto Geográfico do Exército Português, situado nos Olivais Norte, em Lisboa, no âmbito da defesa nacional, satisfaz plenamente, às necessidades do Exército e de outros ramos da Forças Armadas em Cartografia, incluindo a Política Geográfica da Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN/NATO, da qual é País-Membro, a exemplo de vários Países da Europa, participando do Programa de Mapas Inteligentes. No apoio à Sociedade Civil presta serviços de utilidade pública, no campo da informação geográfica, tendo-se como exemplo, o Sistema Nacional de Informações Geográficas. Cabe lembrar que o IGE foi o único serviço militar presente com um estande na Exposicarta da International Cartographic Association – ICA/ACI, realizada em junho de 1997 em Estocolmo.

A 27 de outubro de 1972, em Florença – Firenze, Capital da Toscana, comemorou-se o Primeiro Centenário do Instituto Geográfico Militar da Itália, caminhando para os seus 137 anos. Em 1997, o Serviço Militar Britânico completou 250 Anos de Apoio Cartográfico, que começou em 1747 com a Rebelião Jacobina, quando tornou-se necessário o levantamento topográfico das famosas Highlands da Escócia, de acordo com Peter PARKINSON Adido Cartográfico Britânico em Washington.
Segundo o Major General William Roy:

“O Levantamento preciso de um país é universalmente reconhecido como um grandioso trabalho de utilidade pública, que tem o poder de incrementar e de fornecer suporte a todo tipo de atividade em tempos de paz e tem o poder de fundamentar os projetos jurídicos defesa contra a invasão do inimigo em tempo de guerra; em quaisquer das circunstâncias suas respectivas importâncias são sempre transformadoras”.

O Serviço Hidrográfico e Oceanográfico da Marinha do Chile, teve in´cio em dezembro de 1834, portanto, há 175 anos, quando o Rio Bueno foi levantado e mapeado pelo Comandante Roberto Simpson. Os levantamentos tiveram solução de continuidade e em Maio de 1874, foi criado o SHOM, que até hoje mapeou toda a Costa Chilena num total de 285 cartas náuticas e em 1998 estavam atualizando 20 delas. O Chile conta apoio aerofotogramétrico e topográfico, para suas atividades oceanográficas seguindo os padrões preconizados pela International Hidrographic Organization – IHO, produzindo com técnicas digitais cartas em papel tradicional e eletrônicas. A Enga. Cart. Eliane Alves da Silva esteve visitando as instalações do Instituto Geográfico Militar do Chile- IGM, e na Embaixada do Brasil (um dos palácios mais bonitos da capital chilena), o Adido do EB Cel Ananias, depois General, em Santiago, durante o VI Congresso Internacional de Ciências de la Tierra, onde foi com o paper – The Brazilian cartographic history – 500th years of the Brazil discovery by the portuguese, em agosto de 2000.

Outras nações como a República Popular da China tem trabalhado com Corpo de Oficiais Engenheiros, em Tropas de Paz, conhecidas como Capacetes Azuis das Nações Unidas, ou como a Espanha (que possui seis navios oceanográficos, fizemos um mini-cruzeiro pelo Mar Mediterrâneo, durante a EURO CARTO VIII, em abril de 1990, onde comparecemos pela Uff com passagem aérea pela FAPERJ, com o trabalho – “Cartography: Thinking, science and marketingJ), Estados Unidos e França em recente recuperação dos Países Caribenhos por onde passou um furacão devastador.

O Instituto Geográfico Agustin Codazzi nasceu em 1935, subordinado ao Estado Maior Geral do Exército da Colômbia, com o nome de Instituto Geográfico Militar. Em 1940 passou para a esfera do Ministério da Fazenda e Crédito Público, e em 1950 recebeu o seu nome atual. Esta presente na Colômbia com 21 (vinte e um escritórios), distribuídos em 7 (sete) regiões: Central, Oriental, Costa Atlântica, Andina, Pacífico., Orinoquía e Amazonia.

Agustin Codazzi, militar de origem italiana ficará para sempre na memória dos brasileiros por ter participado ativamente das Questões Limítrofes entre o Brasil e Inglaterra no caso da Guiana Inglesa, a saber:

- Mapa físico y politico de la República de Venezuela dedicado por su autor, el Coronel de Ingenieros Agustin Codazzi al Congresso Constiuynte de 1830, Caracas 1840, publicado em Lithografia em Paris por Thierry Fr. Questão que foi arbitrada pelo Rei de Itália, já mencionada neste livro;
- Mapa para demonstrar los limites de la Nueva Granada com el Brazil segun el nuevo tratado i la linea que le daba el Jeneral Acosta en su mapa de 1847. Trazado por el Coronel Agustin Codazzi en 1853 e
- Cópia de uma parte do mappa de Codazzi mostrando a linha de limite entre o Brazil e a Venezuela segundo o Tratado de limites de 1859, na escala de 1:340.000.

Em 1998 foi concluído o Projeto da República da Argentina, através de convênio de cooperação técnica celebrado em 1995 entre o Instituto Geográfico Militar da Argentina – IGM e o Instituto Cartográfico da Catalunya - ICC na Espanha, que contou com o mapeamento baseado em imagens de satélites com controle de campo, nas escalas de 1:50.000; 1:100.000 e 1:250.000.

Foram confeccionadas 717 cartas, na Projeção Gauss-Krugger, correspondendo a uma área de 2.200.000 quilômetros quadrados, em que foram empregadas 226 imagens – 69 da SPOT Image e 157 do Landsat-TM, geradas pelo INPE. Para 1999 esta previsto um outro projeto onde mais uma vez houve transferência de tecnologia do ICC para o IGM, na produção de 728 cartas cobrindo 40% do território argentino, com mapeamento sistemático na escala de 1:100.000.

 

* ELIANE ALVES DA SILVA

Engenheira cartógrafa, geógrafa, professora de geografia e mestre em ciências geográficas
Tecnologista senior do ibge/dgc/gdi
Coordenadora adjunta da câmara especializada de engenharia de agrimensura do crea-rj pelo senge-rj
Conselheira do clube de engenharia
Diretora – secretária da sociedade brasileira de geografia – sbg
Conselheira da associação brasileira de engenheiras e arquitetas – abea
Membro da sociedade brasileira de cartografia


sputinick@terra.com.br

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